terça-feira, 9 de outubro de 2012

A MÚSICA AFRICANA...

A música africana chegou nos Estados Unidos junto com os primeiros escravos trazidos para a região Sul do país. Esses africanos pertenciam hà um número variado de tribos e grupos linguísticos, cada qual com a sua própria tradição musical. A maioria dos primeiros escravos que chegavam eram de uma faixa da costa do leste africano, região conhecida como Senegambia, que hoje compreende a região do Senegal e de Gambia indo para a região baixa do Norte da Guinea. 

Durante séculos a Senegambia foi dominada por impérios poderosos, mas durante o século XVI, o império dos Wolofs foi dividido devido às várias guerras que estouraram nas cidades da região, fazendo milhares de prisioneiros que posteriormente se transformariam em escravos. Em 1807 a Grã-Bretanha e os Estados Unidos oficialmente tornaram ilegal o tráfico de escravos, com isso a escravidão na Senegambia caiu drásticamente e a maioria dessa atividade ficou restrito a região da Angola. Por volta de 1807 com a deflagração da Guerra Civil Americana, a escravidão continuou clandestinamente nos EUA. Musicalmente as regiões da Senegambia, Congo-Angola e Bantu eram distintas. 
Na Senegambia, não existiam grandes percussionistas pois era uma região desértica, árida e carente de grandes árvores. Entretanto, era um região  com uma rica variedade de instrumentos de cordas, desde o mais humilde violino com apenas 1 corda confeccionados com cabaças até ataúdes com duas, três ou quatro cordas que podiam se transformar em harpas-ataúdes de mais de 20 cordas. A região da Senegambia sofria uma influência cultural forte do Norte do deserto devido a proximidade com o povo Bérber e Árabe, com isso a vocalização musical tinha uma predileção por melodias tortuosas e longas. Tinha também uma afeição natural para os cânticos formais solos, o que era relativamente raro na maioria da música africana. 
Em grande parte da sociedade da Senegambia e outras regiões, os cantores e músicos pertenciam há uma classe social particular, os "Griots" (sem tradução). Eles cantam louvores aos homens ricos e poderosos memorizando longas e épicas genealogias que constituiam uma espécie de história oral do seu povo. Alguns desses "Griots" pertenciam a Côrte Real, enquanto outros cantavam nas ruas, ou tocavam em grupos encorajando fazendeiros ou outros trabalhadores à ditarem o ritmo para as suas tarefas. De fato, os "Griots" eram admirados por acumularem certa riqueza, mas também eram desprezados, pois acreditava-se que eles conviviam com espíritos maus, e os seus louvores poderiam se tornarem malígnos, quando não eram adequadamente recompensados. Alguns dos primeiros visitantes que chegavam da Europa para a Senegambia notavam que quando algum "Griot" morria ele não era enterrado, o seu corpo era colocado dentro de um tronco de uma árvore oca e deixado lá para apodrecer. 

As vilas musicais em Senegambia envolvia percussão, bater de palmas e um grupo de pessoas cantando. Um dos cantores com a voz mais forte liderava fazendo as chamadas e o grupo de pessoas respondiam em coro repetindo várias vezes um refrão em unisom. 

Apesar das diferenças, a música africana dessas três regiões (Senegambia, Congo-Angola e Bantu) tinham características básicas em comum, características básicas que seriam encontradas na música africana onde quer que fosse encontrada. A característica principal da música africana é a participação de quem estiver por perto. A estrutura musical encoraja a participação ativa de qualquer pessoa, seja como voz principal chamando os comandos bem como nas resposta em unisom dos refrões. Visitantes vindos da europa e americanos ficavam intrigados de como os africanos conseguiam sons perfeitos e limpos apenas com a sua áspera e grosseira voz e instrumentos musicais precários. 
Há muito mais a ser dito sobre música africana do que apenas essas três regiões em particular, esse foi apenas um pequeno resumo na busca pelas origens do Blues.  


** texto de Luis Fernando Soares de Almeida  © 2012 todos os direitos reservados

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